"Vida é gasto e estou gasta, o espelho que magnifica mostra a verdade e a verdade é a velhice." No ato de encarar o próprio reflexo, Noemi Jaffe abre vertiginosamente o arcabouço da memória, retomando sua infância e adolescência como filha de imigrantes sobreviventes da Shoá.
Crescendo numa barafunda de línguas — húngaro, iugoslavo, ídiche, e nosso português brasileiro —, a menina Noemi vai cavando a toca de sua identidade. Mas a passagem para a adolescência e para a vida adulta se dá através das palavras dos outros: descobrindo o prazer da poesia com uma antologia singular, a glória da rebeldia com um disco de Chico Buarque, as angústias existenciais com Herman Hesse. Te dou minha palavra parece questionar: do que é feita uma pessoa? Não apenas da memória das experiências vividas, mas também da cultura que a atravessa.
NOEMI JAFFE nasceu em São Paulo, em 1962. Doutora em literatura brasileira pela USP e crítica literária, é autora, entre outros, de Lili, A verdadeira história do alfabeto, vencedor do prêmio Brasília de Literatura, e Escrita em movimento, no qual compila reflexões sobre escrita criativa que colheu ao longo de anos de docência.