Tibio o sol entre as nuvens do occidente J l se inclina ao mar. Grave e solemne Vai a hora da tarde!--O oeste passa Mudo nos troncos da lameda antiga, Que j borbulha voz da primavera: O oeste passa mudo, e cruza a porta Ponteaguda do templo, edificado Por mos rudes de avs, em monumento De uma herana de f, que nos legaram, A ns seus netos, homens de alto esforo, Que nos rimos da herana, e que insultamos A cruz e o templo e a crena de outras eras: Ns, homens fortes, servos de tyrannos, Que sabemos to bem rojar seus ferros Sem nos queixar, menospresando a Patria E a liberdade, e o combater por ella. Eu no!--eu rujo escravo; eu creio e espero No Deus das almas generosas, puras, E os despotas maldigo.--EntendimentoÊBronco, lanado em seculo fundido Na servido de goso ataviada, Creio que Deus Deus, e os homens livres!
Oh sim!--rude amador de antigos sonhos, Irei pedir aos tumulos dos velhos Religioso enthusiasmo, e canto novo Hei-de tecer, que os homens do futuro Entendero:--um canto escarnecido Pelos filhos dest' pocha mesquinha, Em que vim peregrino a vr o mundo, E chegar a meu termo, e repousar-me Depois sombra de um cypreste amigo.
Passa o vento os do portico da Igreja Esculpidos umbraes: correndo as naves Sussurrou, sussurrou entre as columnas De gothico lavor: no orgam do coro Veio em fim murmurar e esvaecer-se. Mas porque sa o vento?--Est deserto, Silencioso ainda o sacro templo: Nenhuma voz humana ainda recorda Os hymnos do Senhor. A natureza Foi a primeira em celebrar seu nome Neste dia de lucto e de saudade! Trvas da quarta feira eu vos saudo! Negras paredes, velhas testemunhas De todas essas oraes de mgoa, Ou esperana, ou gratido, ou sustos, Depositados ante vs nos dias De uma crena fervente, hoje enlutadas De mais escuro d, eu vos saudo! A loucura da cruz no morreu toda Apoz dezoito seculos!--Quem chore Do sofrimento o Here existe ainda. Eu chorarei--que as lagrymas so do homem-- Pelo Amigo do povo, assassinado Por tyrannos, e hypocritas, e turbas Envilecidas, barbaras, e servas.